Para a utilização correta da madeira como elemento constituinte da construção civil, é necessário um conhecimento vasto a respeito de suas diferentes propriedades, consequência da constituição química. Os profissionais da área da construção (engenheiros, arquitetos e construtores) devem saber compreender a madeira como um material diferente e levar em conta todas as suas particularidades.
A madeira é um material renovável e com energia de processamento menor que a do aço, alumínio ou concreto, por exemplo. A madeira também oferece um nível maior de isolamento térmico por polegada de espessura que outros materiais, além de poder ser trabalhada com ferramentas simples. Algumas possuem um grau de durabilidade alto naturalmente, outras podem passar por algum tratamento químico que aumenta essa capacidade, mas é importante lembrar que se trata de um material combustível e não resistente a ataques de animais que se alimentam da madeira, mas esses problemas não impedem o uso desse material, já que existem soluções disponíveis para essas possibilidades.
O Brasil tem trabalhado com madeira vinda de programas de reflorestamento e escolheu dois tipos: Pinus e Eucalipto. O Pinus é facilmente produzido, mas ainda tem falhas no quesito resistência. Essa ineficiência de comportamento mecânico está relacionada ao baixo peso específico e elevadas taxas de crescimento.
A utilização do Eucalipto na construção civil é cada vez maior e tende a crescer ainda mais. Existem muitas espécies desse gênero, algumas delas podem apresentar características mecânicas mais baixas ou mais altas. Alguns setores de produção que exigem madeira nobre ainda enfrentam problemas com a utilização do eucalipto já que essas áreas demandam madeiras ainda mais resistentes, e uma parte da madeira de eucalipto produzida é com um tratamento que visa torná-la matéria prima para a indústria de papel, chapas e carvão vegetal.
No mercado brasileiro de madeiras para construção civil a E. grandis vem se popularizando, mas alguns elementos são especialidades de outras madeiras, a E. citriodora, por exemplo é consagrada na criação de postes e pouco participa do comercio de madeira como elemento estrutural da construção civil. Embora haja várias outras espécies, elas tem baixa disponibilidade e muitas vezes até as pessoas da área desconhecem.
Entre as madeiras que podem ter uso estrutural estão a E. critriodora e a E. paniculata, que possuem resistência e elasticidade. Essas madeiras podem ser usadas em construções internas pesadas, aplicações em treliças de telhados, escadas e plataformas. Quando o objetivo for estabilidade dimensional, é recomendado utilizar a E. citriodora, embora ela seu índice de contração volumétrica seja elevado, ela tem um fator anisotrópico baixo. As duas possuem uma durabilidade natural e resistência ao apodrecimento elevadas. A E. paniculata, é mais recomendada em utilizações estruturais em que a madeira poderá ficar em contato constante com o solo e a umidade, já que ela têm boa porcentagem de madeira tratável por preservativos que aumentam suas qualidades.
Se a procura for por madeiras com resistência mediana, mas densidade elevada, elasticidade e durabilidade natural para ser usada como moirões, pontaletes, porteiras, andaimes, vigas e coberturas, são recomendadas a E. cloeziana e E. tereticornis. No entanto, a E. tereticornis não deve ser usada em lugares com alta incidência de cupins de madeira seca.
Para utilizar a madeira E. urophylla, devemos levar em conta seu baixo nível de resistência e elasticidade. Essa madeira precisa ser implantada em locais com proteção a umidade e fora de uma área com incidência de cupins e outros bichos para se ter um bom resultado.
A E. pilularis tem teor de resistência que varia de médio a baixo, seu alto fator anisotrópico faz com que seu uso deva ser moderado trabalhos que almejam alta estabilidade dimensional. Na Austrália é muito comum utilizá-la na construção civil, já na África do Sul, costuma ser usada em postes. A E. grandis também possui essas restrições e seu uso não deve ser feito como elemento estrutural.
Essas madeiras não apresentam grandes problemas quanto à durabilidade natural, mas é recomendado um tratamento preservativo para evitar danos em usos que exponham a madeira à fungos. As madeiras produzidas por E citriodora, E, paniculata e E. cloeziana mostraram resistência maior aos cupins de madeira seca. A E. paniculata, ao contrário da E.pilularis e da E. cloeziana, é uma das madeiras com grande quantidade de borne, que aumenta o grau de proteção, isso associada a um nível no mínimo médio de permeabilidade pode fazer com essa madeira tenha um bom resultado ao ser utilizada em trabalhos estruturais trazendo um bom resultado
Os altos índices de retratibilidade são ressaltados na secagem da madeira, o que influencia na qualidade, mas estando secas e com teores de umidade coadunáveis com o local, elas não causarão grandes problemas em sua utilização.
É possível constatar que as madeiras de eucalipto tem contração volumétrica como diferencial, apresentando níveis bastante altos, as madeiras nativas geralmente tem um índice bem menor, com exceção da madeira de Angelim. Quando o quesito é densidade aparente, o eucalipto é semelhante às madeiras nativas. Em se tratando de durabilidade natural, o eucalipto fica um pouco atrás das espécies nativas, mas existem exceções, quando comparado com peroba rosa e pinho do Paraná, o eucalipto leva vantagem e se mostra resistente ao apodrecimento. Em locais onde o risco de incidência de cupins é muito alto, as madeiras mais indicadas são o a do pinheiro-do-paraná e a do cedro. A madeira do pinheiro-do-paraná tem uma característica pouco comum em relação à permeabilidade: ela não apresenta dificuldades no tratamento preservativo.
No quesito elasticidade, a madeira de E. citriodora, E. tereticornis, E.cloeziana e E. paniculata estão no mesmo patamar que a madeira de peroba-rosa, que é uma das mais usadas na construção civil. Ao compararmos o eucalipto com a madeira de peroba-rosa, a madeira de eucalipto apresenta uma densidade considerada como pesada, mas pode ser aplicada nos mesmos usos atribuídos às madeiras nativas. É também importante ressaltar que a madeira de eucalipto retirada de árvores mais velhas podem ter um resultado ainda melhor ao ser implementado nas construções, já que sua madeira fica mais resistente e estável.